Boa noite!
Chegou Setembro... e as inscrições nas faculdades. Não consigo descrever o quão stressante isto tudo é, mas deixem-me certificar-vos de que não é nada fácil. Além disso, nada está muito estável: ainda não sei se, depois do final deste ano, continuou por cá. Pois é!
Primeiro, as candidaturas. Aqui só nos podemos inscrever no vestibular para um curso por faculdade. Ou seja, fazemos o exame de admissão e se a nota não for alta o suficiente para o curso escolhido, não há uma segunda escolha, nem nada do género, o que me chateia profundamente porque na verdade o único lugar onde quero entrar é USP. A minha inscrição nessa já foi feita,... e o curso em que vou tentar entrar tem apenas 40 vagas. ESTOU POUCO NERVOSA! Além disso, fiz a escolha de não tentar Unicamp (outra boa universidade pública por aqui), pois não tinha o mesmo curso que a USP, nem nenhum outro que me interessasse.
Só que hoje abriram as inscrições da Unesp... e as coisas azedaram. Nessa faculdade o curso a que me candidatei na USP fica em Botucatu, uma cidade para o interior do estado de S. Paulo, a umas 5 horas da cidade de S. Paulo. Ora, mudar para tão longe aqui no Brasil está fora de questão, e portanto em príncipio Unesp seria outro não, como Unicamp. Mas, o que se passa é que os únicos cursos dessa universidade na cidade são os de artes: música, dança, teatro... E eu adoraria tentar o primeiro. A verdade é que, após tantos anos a estudar, tocar e cantar música, o "bichinho" fica, e desde que vim para o Brasil que esse lado da minha vida tem sido muito mais impulsionado - especialmente o canto. Em casa, ninguém me ligava muito. Cantava no coro, como contralto, mas nada demais. Quando cheguei aqui, as minhas colegas cantavam nos intervalos no corredor, e eu juntava-me a elas. Durante uma viagem de estudo, elogiaram-me, e as pessoas "meio" que sabem que eu canto, minimamente. Foi só quando entrei para o coro, agora como soprano, que começaram a puxar mais por mim. Concertos de Natal, depois viagem a Nova Iorque, depois um solo no Carnegie Hall em Nova Iorque, e pouco depois a minha professora já estava (e ainda está) a tentar convencer-me que eu podia fazer vida da música. Entretanto, já mais uma colega, e até os meus pais sugeriram eu tentar música... Só que aí começam as divergências: os meus pais dizem que se fosse para tentar seria para instrumento, e as outras pessoas acham que eu deveria ir para canto. Realmente, eu nunca tive aulas de canto propriamente ditas (e estou a precisar delas há anos) e a minha formação musical e anos de Conservatório - ainda incompleto - são em violino. No entanto, eu gostaria muito de tentar para canto... a verdade é essa. Só que também acho que não seria este ano que deveria tentar, mas no próximo, quando já tivesse tido aulas de canto e mais aulas de teoria aqui no Brasil (porque, como sempre, os programas são diferentes).
Além de TODA esta indecisão (o curso em que me inscrevi na USP é na área da biologia, o gosto pela música, etc), ainda não sei se realmente irei fazer universidade por cá. Até estar tudo assente vou continuando a me inscrever ao mesmo tempo que tento tirar as notas mais altas que consigo, por causa das médias. Estou a lutar em duas frente, com um rumo meio fosco na frente. As coisas estão calmas por aqui, portanto...
Enquanto eu tento não entrar em stress, o final do último ano de ensino médio (de escola) aproxima-se a passos largos... e eu, que no início do ano só pedia para que a formatura viesse depressa, agora quero que o tempo ande beeeeem devagar, para não me levar para a altura das provas, dos vestibulares, das decisões mais importantes da vida... e para as separações. Depois de todo o desapontamento do ano passado, nunca pensei que fosse me custar tanto pensar no final do meu segundo ano aqui. Eu já tive a minha quota-parte de despedidas custosas e, de repente, parece que se aproxima mais uma - independentemente se regresso ou não para Portugal. Os colegas, os professores e, como para todos, a vida escolar em que estou há (mais de) doze anos, vão deixar tantas saudades! E se realmente a minha estadia estiver a terminar, pior ainda: todas as pessoas que a que vou ter de dizer adeus mas que, apesar de ainda estarmos a formar agora a amizade, já me são tão queridas!
Portanto, o melhor remédio é mesmo tentar afastar a minha mente disso: não pensar nas separações, no final do ano, na incerteza, e lidar com uma coisa de cada vez... apesar de que, hoje, um novo obstáculo apareceu e eu finalmente vou ter mesmo de o ultrapassar. Alguém me ilumine, por favor!
Até ao próximo devaneio,
Mariana