As aulas, a escolha profissional, os vestibulares, as faculdades... Todos esses tópicos stressantes de que já falei podiam-me ter levado ao desânimo. Mas este ano a minha vida melhorou muito por aqui, e é nisso que me quero focar neste post.
Houve alturas em que me senti completamente sozinha. O ânimo para ir para as aulas no início deste ano lectivo, em Janeiro, era nulo, o que no meu caso é preocupante porque eu sempre gostei de ir à escola. A minha única esperança era o coral, que na altura já fazia parte da minha vida mas ainda não tinha tomado as proporções que tomou em Abril, após a nossa viagem a Nova Iorque. A partir daí, tudo começou "magicamente" a melhorar. Se calhar era eu, mais predisposta a aceitar os brasileiros finalmente. Se calhar foi o tempo de me verem com outros olhos.
A seguir seguiu-se a viagem de finalistas a Cancún, a qual consegui passar com companhia. Juntei-me a um grupo bem unido de amigas da minha turma com quem já falava bem, sem sermos necessariamente próximas, e elas foram a melhor companhia de viagem, além de me terem "abrasileirado" um pouco, por que depois daquela semana intensiva, eu fiquei com expressões que ainda hoje não acredito que me saem da boca.
Agora, uma leve mudança de carteira na sala, e dois dias de colegas a faltar aproximou-me das colegas que, no início da minha estadia, e durante todo o ano passado, tinha tido esperança de me aproximar. Tal não tendo acontecido anteriormente, a minha esperança era menor, mas começamos a falar e agora tenho a vida mais fora de casa de sempre desde que aqui estou. Ensaios, trabalhos, paixão por romances de época e dias da fantasia são todos razões para algumas dos nossos "ajuntamentos"... e como sabe tão bem finalmente ter um grupo mais próximo de amigas! Como fazia falta o ombro amigo e a conversa íntima. Ninguém substitui ninguém, mas é bom saber que também aqui consegui encontrar pessoas com quem me identifico e consigo travar amizade.
Simultaneamente, a minha relação com a música continua forte: o coral vai a todo o vapor em direcção a mais uma viagem a NY no final do mês de Março do próximo ano (que ainda não sei se conseguirei ou estarei cá para ir); além disso, a professora do coral e sua família ficou amiga da minha, o que é, como eu disse sobre amizades, óptimo. Ainda na música, retomei aulas de violino no final do semestre passado e agora estou de volta a aulas teóricas... De novo com o meu horário estafante a que já estava habituada em Portugal, com aulas até às 21h.
No meio disto tudo, uma constante: os professores. Sou-lhes eternamente grata por toda a preocupação, (verdadeira) amizade e cumplicidade que demonstraram para comigo (como para toda a turma). Além de serem professores excelentes, são também seres humanos excepcionais. Às vezes acho que me estou a enganar a mim própria, que professores não podem realmente estar a dizer que vão sentir muito a nossa falta quando as aulas acabarem e nós nos formarmos... ainda devido à minha incredulidade quando comparo estes professores com aqueles a que estava habituada, muito mais distantes. São amigos e/ou "segundos-pais" para muitos, e quase que para mim também, pois apesar de conhecê-los há menos tempo que a maioria, apoiaram-me muito desde que cheguei.
Hoje, enquanto almoçava na escola, pus-me a pensar como, em menos de uma ano, a minha opinião mudou, e os meus desejos também. No início de 2013 só queria que as aulas acabassem o mais rápido possível para passar à próxima fase da minha vida. Mas agora tremo cada vez mais enquanto nos aproximamos da data da formatura ou dos vestibulares, devido ao medo, à incerteza, mas também às saudades antecipadas que já sinto de muitas destas pessoas que tornaram o Brasil um lugar, finalmente, bem aprazível. Ainda para mais porque, indo ou não embora do Brasil, o término da escola é o marco de uma fase que termina, de uma realidade que acaba e de despedida aos professores e colegas de turma.
Beijo,
Mariana