sábado, 9 de junho de 2012

Como fazer amigos no Brasil?


Olá. Desculpem a falta de assiduidade, mas ando sem nada para contar... E é precisamente sobre isso que venho falar.
Quando anunciei a minha vinda para o Brasil, em Portugal todos me disseram que seria fácil adaptar-me, que me receberiam bem e que, ainda por cima com a mesma língua, nos entenderíamos facilmente. Mas não sei se é por estar num sítio à parte do Brasil, se é por os "padrões sociais" serem diferentes (com isto quero dizer a relação entre meninos e meninas, por exemplo), as coisas não estão a ser assim tão fáceis. Quatro meses passados, a caminho de cinco, ainda não me inseri em nenhum grupo de amigos, ainda não me tornei próxima de ninguém nem fui a uma festa muito menos. A minha vida tem sido escola, computador para falar com as pessoas que deixei em Portugal, e cinema com os meus pais - quando saio de casa. O meu pai diz que me estou a viciar no computador, a minha mãe diz que estou estranha, porque já não leio tanto, os professores acham-me tristonha porque não me vêem com companhia. Nenhuma das três opiniões é de estranhar, se bem que eu preferia e esperava uma realidade bem mais aprazível. E divertida. 
Agora com os trabalhos de grupo tenho de falar com os meus colegas, obrigatoriamente. E falar com eles em período extra-aula. Ora isto de trabalhos de grupo já todos sabemos que pode separar amigos - se em Portugal eu já tinha medo que isso acontecesse, imaginem-me aqui. Tenho medo de dar opinião sobre como fazer algo, mas também não consigo estar calada, porque tenho opiniões fortes quanto a trabalhos de grupo e não gosto de o "largar da mão". Claro que me pode ajudar a aproximar de alguns - mas os riscos de zanga são sempre elevados. Não que se zanguem comigo. Segundo pessoas daqui - e já por experiência própria - os brasileiros tendem a "meter para dentro" zangas, e acabam mais por ficar de mal contigo do que a confrontarem-te e mostrarem-te directamente que estão zangados contigo. Ora eu também não sou a pessoa mais frontal e directa do mundo. De todo. Já resolvi uma situação destas com uma conversa, mas é sempre melhor evitar pôr nos meus ombros a responsabilidade de acabar com um "amuo". Até porque eu não preciso mesmo disso...
Outra hipótese para justificar o não-aproximação dos brasileiros é que achem que eu não quero fazer amigos. Lembrei-me disto segundos depois de duas colegas minhas terem, naturalmente e sem eu ter puxado o assunto, perguntado se não era difícil estar afastada das minhas melhores amigas. Claro que a pergunta era retórica, e elas já o disseram expressando apoio pela minha situação. Eu respondi que sim, era difícil, mas que consegui manter contacto com elas pela Internet. Logo depois lembrei-me que talvez deveria ter dito algo que agora ando a moer cá dentro como um discurso não proferido: "Não é por ter melhores amigas em Portugal que não queira fazer amigos cá, que não queira ter amizades a sério aqui também. Quando vim para cá, disse a mim própria que o máximo que podia esperar alcançar era uma amizade real com alguém daqui; uma pessoa com quem, quando fosse embora, continuasse a falar para o resto da minha vida, como me lembrando que esta fase da minha vida não foi em vão e ainda deixou boas memórias.". E eu continuo a pensar assim, e o meu maior objectivo é esse. Não sei se é, então, por acharem que não quero amizades aqui por já as ter em Portugal  que não se aproximam.
O que me têm dito é que, onde estou, as pessoas fazem grupos fechados de amigos - e com esta idade, nesta altura, já é complicado conseguir "furar" a barreira e entrar. Ou seja, eles é que já têm os seus grupos de amigos bem fechados e simplesmente não querem outra pessoa. 
Continuo a achar estranho. Se fosse eu, quereria juntar a estrangeira ao me grupo de amigos o mais rápido possível - antes de outros "a apanhassem" (eu sou um pouco possessiva quando a amizades diz respeito, infelizmente). Mas aqui não aconteceu isso - e claro que me sinto um pouco excluída. Mas se tudo correr bem, e eu tiver paciência, eles vão acabar por me aceitar aqui e, se calhar, incluir-me. Espero sempre pelo melhor...

Até á próxima. Beijinhos,
Mariana  

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