Tenho saudades de casa.
De correr na calçada para apanhar o 24 para Alcântara.
De parar no café para comer um pastel de nata.
De ir a pé almoçar no Colombo e ficar a conversar por lá.
De ter o sofá da avó onde adormecer após um dia de aulas, e dos quilos de comida que ela me obriga a comer.
Do Verão com sol resplandecente e uma pequena brisa para aliviar, com dias longos e sem chuva.
Até dos autocarros cheios no Inverno, os vidros embaciados, os chapéus-de-chuva a pingar no chão - e eu odeio o Inverno.
É difícil lidar com a mudança. Eu não tinha 5, nem 8, nem 10 quando a minha família me arrastou para aqui. Não interpretem mal, há coisas boas e eu encontrei o meu nicho... mas a vida nunca será simples. Vou estar sempre dividida. Vou estar sempre querendo voltar, sempre chamando Portugal de "o meu país" - porque o é, e eu não tenho problemas com isso.
Apesar de tudo,
da crise,
do desemprego,
do inverno chato,
...
Lisboa ainda é a minha cidade, Portugal ainda é o meu pais. A minha casa. A vida que tinha lá, as amizades que criei, a família que deixei, ainda lá estão, à espera de cada viagem de visita, todos os anos me perguntando quando volto. E eu não sei se volto, não sei se é o melhor para mim voltar, mas sempre quero e quererei voltar.
Quando me sinto sozinha aqui, eu sinto-me LITERALMENTE sozinha. Eu não tenho um outro familiar a quem recorrer. Eu não tenho a amiga-desde-berço a quem pedir consolo. Eu não tenho o suporte emocional que teria em casa.
Estou a tomar um risco muito grande na minha vida. Eu sei que este é o caminho certo, mas a pressão até lá está a matar-me. O ambiente está pesado, as aulas são uma tortura... Mas o pior: isto pode querer dizer uma permanência mais prolongada. Uma permanência que eu vou ter de explicar aos amigos, à família, e com a qual vou ter de conviver - o peso dessa decisão vai ficar para sempre nos meus ombros.
"O mundo é a minha casa" é a filosofia que me estão a tentar impingir desde que me mudei para cá. Se assim é, Lisboa é o meu quarto. Eu posso passar bastante tempo nas outras divisões, mas vou sempre voltar ao meu quarto - para dormir, para pensar, para me refugiar, e onde o ambiente à minha volta mais reflecte quem eu sou.
Que os próximos meses tragam mais clareza à minha vida e ao meu futuro, é tudo o que posso esperar. Até lá, menos de um mês para ir a Portugal... eu espero.
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