segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Minas Gerais: Diamantina e Ouro Preto

Aproveitando o feriado da Consciência Negra fomos, finalmente, a Minas Gerais visitar Diamantina e Ouro Preto.
Praça da Matriz, Diamantina
Diamantina surpreendeu. A vida noturna nas ruas pedestres da cidade e as casas fazendo parecer uma terra portuguesa encantaram-nos. Visitámos o museu do Diamante, na casa do inconfidente Padre Rolim, na qual tivemos direito a tour monitorada, a casa de JK - antigo presidente brasileiro -, a Casa da Glória, antigo colégio e agora parte da UFMG, igreja do Carmo e a casa da Chica da Silva, escrava que casou com comerciante português e se tornou, sem precedentes, numa senhora com fortuna e escravos a seu serviço.

Catedral Metropolitana de Diamantina
Praça JK
Casa da Glória, Diamantina

Cachoeira, Diamantina

Área residencial de uma fábrica abandonada
Depois fomos até Ouro Preto,  antiga capital do estado de Minas Gerais e rica cidade centro da exploração mineira, e que borbulha hoje à noite com as repúblicas em festa, mas perde para Diamantina por se ter tornado tão turistíca que já não tem o à-vontade da primeira. Destaque vai para as igrejas que preenchem a vila: S. Francisco de Assis (uma das 7 Maravilhas do Mundo de Origem Portuguesa), N. S. do Carmo, e especialmente a de Nossa Senhora do Pilar, a segunda igreja com mais ouro no mundo (depois da do Convento de S. Francisco, em Salvador da Baía). A não perder também o museu da Inconfidência, cujo nome lembra a conspiração elitista mineira que deu errado e resultou na condenação à morte do famoso Tiradentes, hoje herói nacional com direito a feriado. O museu tem algumas salas dedicadas a este movimento separatista, mas no toda tem uma grande coleção artística no andar de cima que acompanha a parte terrestre, que reconta e mostra a história de Ouro Preto, do Brasil e, por acréscimo, da exploração aurífera, desde a fundação de Vila Rica até ao Império Brasileiro. 

Museu da Inconfidência, Ouro Preto
Igreja de S. Francisco de Assis, Ouro Preto

Vista da Igreja de S. Efigênia a partir da igreja de S. Francisco de Assis, Ouro Preto

Interior da Igreja de N. S. do Pilar, Ouro Preto

Rua Direita, Ouro Preto

Igreja de S. Efigênia, Ouro Preto

Ruas de Ouro Preto

Largo da Igreja de N. S. do Pilar, Ouro Preto
A 40 minutos de carro de Ouro Preto pode-se encontrar Mariana, uma vila criada dois anos antes de Vila Rica (Ouro Preto) e, durante esse período, capital de Minas Gerais. Além disso, foi também a primeira vila e cidade do estado. O nome, mais tardio, é do século XVIII, em homenagem à rainha de então, D. Maria Ana de Áustria, esposa do rei D. João V. Curiosa a sua praça principal, com pelourinho, câmara e duas igrejas (invés de apenas uma, como é costume) - a de S. Francisco de Assis e a de N. S. do Carmo, uma para os ricos outro para os menos abastados.
A caminho de Mariana é possível visitar-se a Mina de Passagem, um curto mas interessante passeio a uma antiga mina de ouro.

Descida à Mina de Passagem, entre Ouro Preto e Mariana

Mariana

Praça de Minas Gerais, Mariana. À direita da foto, Igreja de Nossa Senhora do Carmo. À esquerda, Igreja do S. Francisco de Assis

Casa da Câmara e Cadeia, Praça Minas Gerais, Ouro Preto
De lembrar a presença do trabalho de Aleijadinho, o escultor barroco com mais destaque do Brasil colonial, cujas obras de maior importância se encontram por várias igrejas do estado. Nesta visita pode-se observar alguns dos seus trabalhos no Museu da Inconfidência, na Igreja da N. S. do Carmo e principalmente na de S. Francisco de Assis, ambas em Ouro Preto, e na de S. Francisco de Assis de Mariana. A sua obra máxima, no entando, é normalmente tida como a do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, onde se encontram o conjunto de 12 estátuas dos apóstulos feitas por ele.

Um passeio a não perder na história colonial brasileira, essencial para quem estude no Brasil mas também para qualquer turista que queira apreciar a riqueza cultural deste país. Ambas as cidades visitadas são Património Histórico e Cultural da Humanidade da UNESCO.

Até à próxima,
Mariana

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Ilhabela

Um fim-de-semana foi tudo o que foi necessário para conhecer Ilhabela, uma ilha e estância balnear bem perto de São Paulo. Deve-se evitar visitar em fins-de-semana com feriados ou durante o período de férias, devido ao trânsito: acaba-se por gastar mais horas no carro que na praia, garanto-vos.




Ilhabela faz jus ao nome: de grande beleza natural, merece um passeio até à praia de Jabaquara, e jantar na marginal da praia do Perequê.


Mais de metade da ilha é ocupada pelo Parque Estadual de Ilhabela, para preservação da flora e fauna local, impedindo o livre acesso a uma grande parte da ilha.



Pelo caminho de volta a S. Paulo passámos pela praia do Toque-Toque Grande e por Maresias, onde almoçámos.





Mais um exemplo da beleza natural brasileira.
Até à próxima,
Mariana

domingo, 16 de novembro de 2014

Ceará

Boa tarde!
No início de Setembro passei uma semana perto de Fortaleza, capital do Ceará, estado do Nordeste do Brasil. 

Praia de Porto das Dunas

1º facto: Os estados nordestinos não são todos iguais. Vivendo em São Paulo, passo o tempo a ouvir piadas sobre o nordeste. Até agora, só tinha visitado Salvador da Baía, e conhecido gente que lá tinha nascido, e essas pessoas sempre ouvem uma piada por dia, e normalmente essa piada pode ser aplicada a qualquer outra pessoa nascida em qualquer outro estado do nordeste brasileiro. Mas a primeira coisa que notei foi como cearense faz piadas sobre outros estados nordestinos também - como Baía, por exemplo. Logo, note-se que os estados do Nordeste são diferentes entre si. Têm danças, pratos e trajes típicos diferentes. Pernambuco tem forte influência holandesa, por exemplo. Forró é cearense, mas axé é baiano.´

Praia do Morro Branco
2º facto: Nordeste é realmente diferente do Sul/Sudeste do país. E não estou a falar de economia (eu evito esse assunto como a praga, não porque não me interesse, mas porque não vale a pena gerar dicussão...). Gastronomia, clima, e cada aspecto da vida de um nordestino consegue ser muito diferente de o de um paulista. Paulista ama carne, e grande parte nem come peixe. Gastronomia nordestina é forte no peixe e no marisco (e esses pratos são MUITO mais baratos). Setembro estava tão ventoso que às vezes até doía, mas estava sol, e não havia qualquer resquício do Inverno que ainda se podia sentir em São Paulo. Vários descreveram que dormem em redes em casa, mesmo que possam comprar uma cama - acabam por preferir o conforto da rede. Verdade, rede é confortável, mas eu, como os paulistas, também não trocaria a minha caminha.

Praia da Canoa Qurbrada
3º facto: As praias nordestinas são praias a sério. Praia paulista irrita-me. O areal é curto e está coberto de mesas e cadeiras de esplanada dos cafés, onde sujam a areia, me impedem a mim de estender a toalha no chão, o que ninguém faz, e dizem as pessoas que a àgua não é muito limpa. Nordeste tem areais grandes, de areia fina e clara e mar azul e quente (uhuh! that's what I came here for!) - infelizmente estava com muitas ondas, porque estávamos na época mais ventosa, segundo o guia.

Pôr-do-sol perto de Canoa Quebrada
4º facto: FAZ MUITO VENTO. Isso levou-os a instalar centrais éolicas no Nordeste, o que é ótimo, mas cria ondas, atira areia "zangada" às minhas pernas e despenteava-me a cada 5 minutos. Quando fizemos o passeio pelas dunas, não podia abrir os olhos, o que meio que retirou um pouco à experiência, de resto muito boa.

Dunas de Cumbuco
Durante a nossa viagem ficámos num dos resorts do BeachPark, o parque aquático com o escorrega de água mais alto do mundo (não fui nesse, não. Sou uma criança com medo de adrenalina). Fomos até Canoa Quebrada, Morro Branco, Fortaleza e Cumbuco. Ficou por ver Jeriquaquara, porque era demasiado longe de onde estávamos.

Cumbuco
Ceará é lindo! Visitem, se tiverem a oportunidade.
Até à próxima.
Mariana

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Primavera em São Paulo

do Google (página original aqui)
Hoje senti pela primeira vez a chegada da Primavera ao Brasil... ou melhor, o início do Verão.
De repente os termómetros chegam até aos 31ºC às 16h da tarde, o sol brilha até mais tarde e a chuva cai dos céus quase todos os dias. Por agora esses dias ainda não são tão constantes, mas vão se tornando cada vez mais.. Até juntos formarem um Verão quente e húmido que nos sufoca e nos delicia ao mesmo tempo. Até o calor ser insuportável e à noite só se conseguir dormir com o lençol a tapar uma única perna, de calções e top de alças, com a ventoinha ligada para minimizar a temperatura e afastar, ao mesmo tempo, os mosquitos. Esses selvagens, que começam a entrar pela casa, vão tornar-se cada vez mais chatos até que em Dezembro não podemos mais com eles. Queremos dormir destapados mas não podemos porque se não acordamos cheios de mordidas. Que nos marcam as pernas que queremos perfeitas para usar vestidos curtos e calções, porque o Verão não permite calças constantemente.
Mas o melhor de tudo, os sons. Ao acordar, às 6h da manhã, os sons do outro lado da minha janela são sempre diferentes dos que ouvia em Lisboa: o silêncio total foi substituído pelo sons de pássaros e insectos, mesmo no Inverno, mas agora, chegam novos elementos. Araras param à nossa janela, pica-paus fazem barulho, no residencial ao lado, macacos avistam-se nas árvores.

Hoje vi dois papagaios, uma andorinha e um beija-flor. E soube que a Primavera tinha chegado ao Brasil.

domingo, 29 de junho de 2014

Dúvidas e Decisões

Alguma vez te sentiste sem opções? Num beco sem saída? E, nessa altura, qualquer coisa parece melhor do que o buraco em que te encontraste? Encontras uma solução brilhante, que encaixa perfeitamente com tudo aquilo que tu és, que te faz sentir corajosa e honesta pela primeira vez na vida, e depois do desespero, é fantástico sentires-te assim que farias qualquer coisa - vai com a onda, e parece que nada te pode parar.

Até que percebes que nenhuma solução só tem prós. Que nenhuma decisão é perfeita, que nenhum caminho é fácil e, que sobretudo, o sonho pode não ser tão perfeito, porque às vezes ele é exactamente isso: um sonho, inalcançável por natureza.

Ás vezes sinto que posso tomar o mundo, o meu destino nas minhas mãos, fazer as minhas decisões, independente e ciente dos riscos. Outras sinto que fui apanhada num túnel, que era tão escuro que tomei a primeira saída, sem esperar fechar ao fundo. E outras sinto-me simplesmente uma desistente, apesar disso ser exactamente aquilo que não quero ser. 

Tudo o que eu quero é encontrar o meu caminho, o meu lugar no mundo. Onde possa trabalhar feliz e deixar a minha marca. Mas parece que ele não existe, ou que não estou destinada a encontrá-lo, por vezes.

Pensar em fazer uma pausa é inútil e impossível. Pensar em continuar como estou, doloroso. Tomar o caminho que decidi tomar, arriscado. Eu não sei mais o que estou a fazer, mas nada parece certo, agora. Tomei a decisão, senti-me decidida e certa, e agora pergunto-me onde raio é que tinha a cabeça. Nada me está a facilitar a vida. Nada é fácil nela, descobri.

Talvez eu tenha exagerado. Talvez eu me tenha assustado. Ou talvez eu esteja agora assustada porque a decisão certa nem sempre é fácil, como a óbvia não é certa.

De qualquer maneira, eu preferia ter tempo para pensar nisto - mas a vida não espera, o tempo não pára, e o semestre termina e já era suposto estar matriculada no próximo, e eu fico a olhar para aquela página do LuciferWeb sem conseguir clicar em nada e tornar nada definitivo.

Até eu saber o que fazer, vou por onde me pus a caminhar. Veremos no que dá.

Mariana

terça-feira, 17 de junho de 2014

Problemas de uma expatriada | parte ??

Tenho saudades de casa.
De correr na calçada para apanhar o 24 para Alcântara.
De parar no café para comer um pastel de nata.
De ir a pé almoçar no Colombo e ficar a conversar por lá.
De ter o sofá da avó onde adormecer após um dia de aulas, e dos quilos de comida que ela me obriga a comer.
Do Verão com sol resplandecente e uma pequena brisa para aliviar, com dias longos e sem chuva.
Até dos autocarros cheios no Inverno, os vidros embaciados, os chapéus-de-chuva a pingar no chão - e eu odeio o Inverno.

É difícil lidar com a mudança. Eu não tinha 5, nem 8, nem 10 quando a minha família me arrastou para aqui. Não interpretem mal, há coisas boas e eu encontrei o meu nicho... mas a vida nunca será simples. Vou estar sempre dividida. Vou estar sempre querendo voltar, sempre chamando Portugal de "o meu país" - porque o é, e eu não tenho problemas com isso.

Apesar de tudo,
da crise,
do desemprego,
do inverno chato,
...
Lisboa ainda é a minha cidade, Portugal ainda é o meu pais. A minha casa. A vida que tinha lá, as amizades que criei, a família que deixei, ainda lá estão, à espera de cada viagem de visita, todos os anos me perguntando quando volto. E eu não sei se volto, não sei se é o melhor para mim voltar, mas sempre quero e quererei voltar.

Quando me sinto sozinha aqui, eu sinto-me LITERALMENTE sozinha. Eu não tenho um outro familiar a quem recorrer. Eu não tenho a amiga-desde-berço a quem pedir consolo. Eu não tenho o suporte emocional que teria em casa.

Estou a tomar um risco muito grande na minha vida. Eu sei que este é o caminho certo, mas a pressão até lá está a matar-me. O ambiente está pesado, as aulas são uma tortura... Mas o pior: isto pode querer dizer uma permanência mais prolongada. Uma permanência que eu vou ter de explicar aos amigos, à família, e com a qual vou ter de conviver - o peso dessa decisão vai ficar para sempre nos meus ombros.

"O mundo é a minha casa" é a filosofia que me estão a tentar impingir desde que me mudei para cá. Se assim é, Lisboa é o meu quarto. Eu posso passar bastante tempo nas outras divisões, mas vou sempre voltar ao meu quarto - para dormir, para pensar, para me refugiar, e onde o ambiente à minha volta mais reflecte quem eu sou.

Que os próximos meses tragam mais clareza à minha vida e ao meu futuro, é tudo o que posso esperar. Até lá, menos de um mês para ir a Portugal... eu espero.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Vantagens de viver no Brasil


  1. FERIADOS. Sabem quando, em Portugal, temos um feriado numa quinta ou terça e dá aquela raiva de não ter sido na sexta para puder fazer fim-de-semana comprido? Aqui não há isso. No Brasil, feriado que calha em terça ou quinta-feira tem ponte. Sempre. E o feriado torna-se num fim-de-semana de quatro dias. Melhor: já aconteceu ser feriado numa quarta, sexta e segunda consecutivos, e resultou numa semana inteira de férias. No Brasil não há qualquer problema em aproveitar os feriados. Quantos mais dias livres, melhor.
  2. TEMPO. Por incrível que parece, não vou salientar o Verão. É húmido, é chuvoso e é chato, sendo que a única coisa boa é ter luz durante mais horas, mas mesmo assim o céu passa metade do tempo coberto de nuvens. No entanto, o Inverno não é tão rigoroso, e não há as malfadadas chuvadas com vento que temos em Lisboa que levam a autocarros cheios, vidros embaciados e chão com poças de água dos chápeus de chuva. A vida difícil dum Inverno europeu não existe aqui, e mesmo com um pouquinho de frio, é melhor do que frio+chuva+vento, o meu pessoal inferno e estação mais odiada.
  3. LIVROS. Por mais incrível que pareça, eu consigo encontrar no Brasil livros em inglês com mais facilidade do que em Portugal. A prateleira nas livrarias é maior, e a selecção é bem feita - eles sabem o que procuramos: clássicos, YA ou romance, maioritariamente.
  4. BELEZA NATURAL. E por agora, esqueçamos que eu vivo em São Paulo, selva de betão poluída com direito a toda a sorte de coisas nefastas: águas do rio poluídas, smog,... O Brasil é, realmente, um país abençoado com uma natureza maravilhosa. No Rio de Janeiro dá para ter uma noção disso, mas é lugares como Foz do Iguaçu que realmente nos abrem os olhos para o verdadeiro trunfo que o Brasil tem na mão e ainda não aproveitou como-deve-ser. A fauna e flora são de uma beleza única e de uma variedade imensa. Vale a pena conhecer o Brasil pela beleza natural que possuí. (E já agora, umas fotos para ilustrar o meu argumento:) 
Florianópolis é muito bonita
Lugares como o Parque Laje, no Rio de Janeiro, lembram a maravilhosa mata atlântica que antes estava por todo o lado.
As borboletas brasileiras são lindas e estão por todo o lado. Aqui, no borboletário do Parque das Aves, Foz do Iguaçu,
Os animais, especialmente as aves, têm cores tão vivas! Aqui, um tucano no Parque das Aves em Foz do Iguaçu.
As Cataratas de Iguaçu são as mais amplas do mundo e das mais bonitas de ver, ficando em 2º lugar em fluxo de água, logo atrás das Cataratas Vitória.
A natureza tem com cada coisa... Cataratas do Iguaçu, assustadoras porém belas.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Há um ano atrás...

Há um atrás estive em Nova Iorque.
Participar no Festival, fazer solo no Carnegie Hall, conhecer a cidade,... tornou a viagem numa das melhores experiências da minha vida.
Há um ano atrás não sabia que ia estar a estudar o que estou a estudar, nem sabia que ia estar a estudar onde estou. Nem sequer sabia se ainda estaria a viver aqui.
Há um ano atrás comecei a formar amizades que me permitiram ter um último ano imensamente feliz.
Há um ano atrás as minhas dúvidas quanto ao futuro não desapareceram... e, até hoje, ainda não o fizeram.
Há um ano atrás validaram minhas ambições, mostraram-me carinho, e deram-me apoio.

Hoje esse carinho mantém-se presente: as amizades que fiz permanecem firmes.
Hoje o apoio ainda está lá: quando me perguntam pelo meu futuro e pelo meu presente, quando me dão conselhos sem eu perguntar, quando me entendem sem eu dizer uma palavra.
Hoje as minhas ambições são maiores graças aos eventos de há um ano atrás, e minhas dúvidas continuam me matando todos os dias, mas pelo menos sei que o carinho e o apoio estão lá.

É nesses dias que não me importo de viver aqui: quando olho à volta e só encontro pessoas que me querem bem, que se preocupam comigo e que gostam de mim. Quando uma criança me abraça pela cintura, ou quando um professor se gaba de mim para os seus outros alunos, ou quando um amigo me dá o conselho certo sem aviso, me apoia, e ouve-me sempre que as dúvidas me massacram um pouco mais fortemente. Quando vejo que tenho gente assim, tenho esperança de que posso ser feliz em qualquer lugar, porque sempre vai haver alguém me apoie.
E é o melhor sentimento do mundo.

domingo, 30 de março de 2014

O que fazer quando o tempo nao estica?

Boa tarde!

Desde a última vez que vos falei, a minha integração tem continuado com o maior dos sucessos. Os meus colegas são 5 estrelas, e a universidade é fantástica. No entanto, e como já se estava à espera, viver a duas horas de autocarro do campus não é fácil... durante a semana não tinha tempo nem para estudar para a faculdade, quanto mais violino, pois chego sempre estoirada. Por isso, e com muita, muita, MUITA pena minha, tive de me despedir das aulas de violino, pelo menos por agora. Não valia a pena mentir-me a mim e ao professor fazendo-nos acordar cedo ao sábado para ter uma aula para a qual não estudei nem tenho energia. Não é que eu não goste mais do violino - o violino foi, é, e sempre será uma grande parte da minha vida -, é apenas uma questão de tempo, integridade física e honestidade.

Portanto, agora sem violino, a minha vida académica continua. As primeiras provas estão à porta, e instala-se aquele ambiente de terror, pânico e choro tão deprimente mas ao mesmo tempo bom para tornar a turma mais unida - afinal, estamos todos a sofrer o mesmo. Química mantém-se igual a Mandarim, e programação surpreendeu-me pela positiva. Biologia Celular e Anatomia são, como esperado, as que me dão mais gozo aprender e estudar, e bem... Biofísica é simplesmente aborrecido (pobre professor, que apesar de um fofo, não consegue tornar aquilo fascinante).

E se se estão a perguntar, vou só deixar claro que eu NÃO ME TORNEI BRASILEIRA ainda, apesar das piadas e das expressões... Ahahah Estou naquela fase estranha em que os portugueses me tratam como emigrante abrasileirada, e os brasileiros me tratam como imigrante portuguesa que sou. Então só para vos manter informados, eu ainda não tenho qualquer pronúncia, apesar de já usar algumas expressões e dizer muito "a gente" em vez de "nós" (desculpem lá, professores portugueses de Português). Mas ainda me mandam piadas sobre bacalhau, e perguntas sobre as diferentes maneiras de chamar as coisas. E é isso.

E por agora é isto.
Beijo,
Mariana 

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Faculdade

Adivinhem? 
Sou oficialmente aluna da Universidade de São Paulo e não podia estar mais feliz!
É sábado e acabou de passar a semana de recepção de caloiros, que foi fantástica. Com menos praxe e mais integração, foi das semanas mais ativas e fantásticas, para nunca esquecer. Aqui no Brasil ainda têm um pouco da tradição portuguesa da praxe: o trote. No entanto, nunca se prolonga para lá de uma semana, e mesmo assim só fomos devidamente pintados e postos à prova segunda e terça. Os outros dias foram momentos de convívio, interacção com outros cursos e habituação aos campus.
Dizer que a cidade universitária é grande não lhe faz jus. Digamos que ela é literalmente uma cidade. Conseguem imaginar? Isso mesmo. Para além da grandiosidade, outra coisa com que me deparei é o ambiente. Explicando: até agora estava fechada em condomínios onde toda a gente pensa que o Brasil é alegria e riqueza e a Copa do Mundo vai ser fantástica, e agora sou deparada com discursos e manifestações diariamente. Eu tento me manter fora disso, por obviamente não ser brasileira, mas os meus ouvidos escutam e os meus olhos vêem a agitação na USP. É um mundo por si só, e isso acarreta de tudo um pouco.
As minhas aulas estão prestes a começar, e a minha ansiedade aumenta. Como serão os professores? As aulas? Com qual disciplina me darei melhor? Como serão as provas? Que livros devo comprar para estudar? Uso cadernos ou devia ter comprado dossier? Preciso de um arquivo grande caso dêem muitas folhas? Preciso levar a bata todos os dias, ou avisam antes? Como faço se houver algum problema, como greve ou manifestação dentro da escola? Tantas dúvidas.... Felizmente, algumas delas podemos perguntar aos veteranos, que no meu caso são os mais atenciosos do mundo. Nunca esperei gente tão empenhada em nos dar umas boas-vindas tão calorosas, deixando-nos mais descansados e calmos, e com o grande peso nas costas de para o ano receber de tal modo os novos "bixos".
Ainda não sei como farei com os furos: não sei se posso ocupá-los com aulas de música ou se daqui a dois meses já os terei ocupados com trabalhos, projetos e estudar. Entretanto, tenho apenas aulas de violino ao sábado de manhã, o que basicamente me rouba uma das duas noites em que posso dormir até mais tarde... as horas e os dias não esticam, infelizmente.
Por agora é tudo.
Até à próxima.
Mariana

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

De volta com NOVIDADES!

Olá Olá!
Desculpem a ausência prolongada, primeiro. Primeiro vestibulares, e depois a viagem rotineira a Lisboa, da qual voltei ontem, mantiveram-me ocupada, mas agora estou de volta com novidades.
  1. Em 2014 ainda vou estar a viver no Brasil. Após meses de expectativa e stress, em finais de Dezembro trouxe finalmente a decisão e vou ficar pelo menos mais um ano aqui em São Paulo.
  2. As faculdades estão a anunciar os resultados e das 3 a que me candidatei já entrei em duas. Porém, os resultados da USP, que é o desejo maior de todos nós que fizemos FUVEST, só saem dia 1, por isso, até lá, esperamos.
Por enquanto é isso. Ir a Lisboa foi, como sempre, maravilhoso. Os amigos que já estão na faculdade estão super felizes, apesar de mortos de cansaço (apanhei-os em plena época de exames... palmas pelo meu maravilhoso timing), e consegui ver muita gente mesmo assim. Saio sempre com saudade da minha cidade, e quando vou a minha casa choro sempre. Ver a casa despida de toda a mobília, como memória de que saímos, e as lembranças dos 14 anos que lá vivi pesam tanto. É triste ver a casa onde ainda estaria a viver se estivesse em Portugal e não estar lá, mas por outro lado foi a primeira vez que fiquei com saudades de cá enquanto lá estava. Após dois anos, tenho finalmente amigos, vida e hábitos aqui, e isso deixa-me verdadeiramente feliz porque felizmente tenho boas histórias e momentos e pessoas para ficarem comigo quando este ciclo acabar. Entretanto, aproveito muito mais a minha vida - porque sejamos sinceros, 2012 foi tão triste para mim, passado sozinha com o computador... aquilo não é vida. 
Então agora é esperar por mais notícias das universidades... Até lá, aproveito as férias e morro neste calor sufocante brasileiro. Portugueses, se vos oiço dizer mal desse friozinho bato-vos!

Até à próxima,
Mariana